"Chega mais, amigo! Sente-se logo à mesa, afina teu violão e cante comigo a canção que fiz pra vencer a tristeza."

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Travesseiros

A noite
te entrega pra mim
já farta de um dia
que foi tão ruim.
Que foi de matar.

Chega em casa cansada,
joga a bolsa no chão,
pois está tão pesada.
Pois está pra chorar.

Ao me ver não segura,
sobe os braços abertos,
e sorri com doçura.
E sorri pra me amar.

Amanhã logo cedo,
vou roubar com teu véu,
pra fazer travesseiros,
estas nuvens no céu.

Se deite comigo, amor!
Que eu quero sonhar.
Sonhar com teus sonhos,
pra você não chorar.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Trem do Futuro

Em um desses dias que nada se faz
e nada se quer que não seja paz.
Dias em silêncio, sem ocupação,
onde só respira a imaginação.
Escapa o pensamento que corre pro norte.
Sobe no trem do futuro sem bagagem e passaporte.
Pega papel e caneta e se senta à janela.
Risca à longo prazo, planos com cautela.
Monta planilhas, gastos e despesas.
Surge no peito aversão às surpresas.
Traça curvas, gráficos e tabelas.
Planeja os minutos em muitas parcelas.
Anel de noivado em sua mão direita.
O ouro tão caro subtrai da receita.
Esfrega os olhos e se lembra da festa.
Se é pra ser bela, que não seja modesta.
Encaixa a renda. Faz um financiamento.
Pagará um castelo por muito, muito tempo.
Reflete em viver e se multiplicar.
Pensa nas crianças e no que vai te custar.
Abre a janela. Sufoca seu alento
em rios de planos soprados com o vento.
O trem descarrilha e desperta assustado.
Se defaz de seus planos tão bem planejados.
Pega papel e caneta. Escreve pra se lembrar,
que nesse trem do futuro não se deve embarcar.

"Amarei o hoje em dia, pra que o algum dia
que virá a ser o dia desse mesmo hoje em dia,
seja tão belo quanto esses dias,
que já foram os dias
mais belos de minha vida."

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Não Vivo Mais

Não vivo mais
sem o teu amor.
Penso que a vida
foi despercebida

Te escondeu
e me fez chorar.
Deu-me a vida
sem ter a quem amar.
Sem ter em quem pensar.
Sem ter por quem viver.
E quem vive sem ninguém
tem motivo pra sofrer.

Não quero mais
acordar sem você.
E o anoitecer
que fez te conhecer

Me entregou
e me fez sorrir.
Deu-me a vida
o prazer de te amar,
de ter por quem pensar,
de ter por quem viver.
E quem vive com amor
tem motivo pra dizer:

"Já não vivo mais,
sem o teu amor."

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Amor Singelo

Amor de um amor singelo,
de um amar tão belo,
que bem se faz certo,
em meu peito aberto,
que a vida me deu.

Amor de um amor maior,
já canto os versos de cór:

"Se deixares meu mundo,
eterno seria o segundo.
Plante teus pés neste chão,
temperei-o com meu coração.

Dê flores se o tempo fechar.
Cantarei e o sol nascerá.
Em um amor assim, tão singelo,
se erguerá um castelo.

E o amor que a vida me deu
não seria mais meu.
Seria teu,
só teu."

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Nosso Segredo

Meu bem,
não vá cantar pra ninguém
esse samba abafado
que fiz por amor.
Cante
pra que a tristeza se espante.
Que esse samba é assim
adocica a dor.

Vem,
vamos pegar nosso sonho
que roubaram de nós
sem mais nem porquê.
Vamos fugir desse mundo,
construir o que é nosso,
só eu e você.

Meu bem,
esconda os versos de quem
não entende os planos
que vamos traçar.
Dance
pra que o samba não canse
de encher de alegria
nesse nosso lar.

Vem,
Que eu já trago a viola
pra tocar esse samba
pra que não tenhas medo.
Cante comigo a canção
que esse samba é nosso.
Será nosso segredo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ah, O Meu Chapéu

Ah, o meu chapéu
de aba curta, tão curtinha,
só cabe a moça que é só minha,
que tem meu samba mais fiel.
Que no samba cai de lado
pra mostrar o meu agrado
a quem tira o meu chapéu.

Ah, o meu chapéu
feito de palha bem fininha,
enlouquece a minha rainha,
quando gira até no céu.
As morenas batem palma.
Minha moça perde a calma
e se desfaz do meu chapéu.

sábado, 17 de abril de 2010

Pequeno samba para meu pequeno I

O samba veio de te receber
a vida é pra viver
com todo encanto
não precisa se assustar
canto para aliviar
o seu pranto

A te esperar sem saber
que estava pra chegar
que estava pra nascer
o sol bem escondido
reescrevendo meu viver
luz do meu anoitecer

Moleque garrido, apressado, atrevido
foi Deus quem me deu
guerreiro São João
não adianta dizer não
essa é minha missão

Revivendo minha história
não me falha a memória
tudo aquilo que passei
obra do meu próprio punho
sem espaço para rascunho
outra vida escreverei

A te esperar sem saber
que estava pra chegar
que estava pra nascer
o sol bem escondido
reescrevendo meu viver
luz do meu anoitecer

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Rosa dos Ventos

Pela janela o mundo é tão grande.
É como o tempo, que por passatempo,
finge se contrair, mas logo se expande.
O que teria depois daquela linha,
onde as flores morrem por desamores
e a estrela maior dorme sozinha?
Tentei, às vezes, correr até lá!
Para dois é o caminho. Nunca ia sozinho.
Depreendia-me, por fim, só. No singular!
Amedrontado, voltava para o meu lugar.
"Se era eu devagar, ou rápido meu andar?"
Dias passavam e eu não sabia explicar.
Fechei-me, como trancas pesadas de porta.
Derreti a chave que abria meu entrave.
Reservei-me de aventurar à vontade torta.
Por muito tempo olhei o mundo deste jeito
Até que um certo dia, tu, na maior ousadia,
quebraste a porta que fechei aqui no peito.
Seguraste minha mão, e antes que dissesse não,
me tiraste do meu mundo tão triste e vagabundo.
Jogaste porta à fora meu assustado coração.
Guiaste-me pelo mundo depois do porvir.
Reconheci que a flor não morre por amor
e que vida é mais bonita se se sorrir.

Eu, que nunca fui tão longe, tenho o norte almejado.
O sul sumiu, bem distante, como passado enterrado.
Pois tenho ti nesse instante,
como oeste tem o leste,
caminhando lado a lado.

Jeito Bamba

Se tem labuta
saio de banda.
Mas se tem garoa
faço meu samba.

Se tem luta
venho de ginga.
Mas se tem curriola
desço uma pinga.

Se tem carteado
rezo pra sorte.
Mas se tem trapaça
juro de morte.

Se tem perigo
aviso a polícia.
Mas se tem barbada
vou na malícia.

Se tem valente
é na ponta dos pés.
Mas se tem cabrocha
chego assim de viés.

sábado, 20 de março de 2010

Confissão de Boteco

Confesso, meus caros amigos, que tenho medo.
Medo de encontrar aquela preta do meu sonho,
e conto do meu jeito, nessa mesa e sem segredo,
num samba sincopado, que assim vos componho.

Ah, se um dia eu encontro essa preta, senhores.
Sinceramente, eu vos digo, estaria eu lascado,
E meu coração que já passou por tantos amores
de balanços e mareios, ficaria então enamorado.

E eu que da malandragem me orgulho tanto,
a largaria sim, e sem arrependimento algum,
Mas meu medo maior, com tristeza eu adianto,
e não seria perder a boemia de jeito nenhum.

De fato, camaradas, o temor que existe
É aquele medo que a partida irá causar
quando meu coração já num choro triste
acenar quando eu tiver que me afastar

Pois essa vida tende por me deixar,
distante da razão desses sentimentos,
dos meus versos, sambas e pensamentos,
por essa preta que um dia irei de amar.

Sendo quem sou, já conhecem toda a cena,
Que me arrisco por beiras com desdém,
E ando nessa corda bamba pois sei bem,
que por essa preta, de fato, tudo vale a pena.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Pra Que se Afobar

Pra que se afobar?
Deixe o tempo fluir.
Deixe a vida tocar nosso samba de amor.
Deixe a pressa pra lá.
Não tem sentido chorar antes de o sol se pôr.

Tenha paciência,
que o barco está no mar.
A maré ainda é confusa mas se consegue velejar.
Rabisque os versos na areia pra que o mar traga maré rasa,
e cante pra que a lua cheia ilumine meu caminho de casa.

Pra que se afobar?
Deixe o tempo fluir.
Deixe a vida tocar nosso samba de amor.
Deixe a pressa pra lá.
Não tem sentido chorar antes de o sol se pôr.

Tenha paciência,
quando a saudade apertar.
Vá ver como a lua é triste sem que possa abraçar o mar.
E eu, triste do lado de cá, cantarei um samba pra nos lembrar,
que mesmo longe, como lua e mar, ainda olharemos para o mesmo lugar.

Pra que se afobar?
Deixe o tempo fluir.
Deixe a vida tocar nosso samba de amor.
Deixe a pressa pra lá.
Não tem sentido chorar antes de o sol se pôr.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ah, Morena

Ah, Morena,
se tu fosses minha,
só terias alegria,
te daria meu cavaco,
e o que for de mais valia,
pra ter você no meu barraco.

Ah, Morena,
se tu fosses minha,
mesmo minha boemia,
caso seja o desejo teu,
de repente eu largaria,
que é pra ser somente seu.

Ah, Morena,
se tu fosses minha,
inspirado eu viveria,
e com samba e violão,
eu sempre te cortejaria,
pra que seja meu o teu coração.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Amor itinerante

Deixe estar, meu amor
que o mundo passeia errado
De tanto que gira, perdeu o rumo
Não me deu prumo
Fez-me um pobre coitado

Não se afobe se o tempo fechar
Se o retorno atrasar
Que a saudade suplique
Visito-a ao cansar da noite
Sempre nos cantos de um samba triste

Não vacile na frente da dor
O resquício de amor
Que ainda resiste
Levanta este samba arrastado
Encurta a distância que tanto insiste

E se o telefone não chama
A criança reclama
Por favor, explique
Aqui o trabalho é árduo
O tempo é curto e o bolso, triste

E quando o mês terminar
De geladeira vazia e mesa sem requinte
Requente a esperança
E brinque para distrair a fome
Que tanto aflige

E quando o sonho hesitar
Você vai notar, mesmo que distante
Que eu estou pra chegar
Pelo cheiro no ar
Do seu retirante

E para o peito acalmar
A fome passar com essa dor lancinante
Volto para ficar
No seu paladar
Por mais que um instante

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Te dou meu samba

Eu canto samba pra exaltar
meus amores e desamores,
que como guerras e flores,
a vida quis me presentear.

Te dou meu samba, Morena,
com uma volta nessa gira,
me leva contigo pra sempre,
e dessa solidão me retira.

Eu faço samba pra me lembrar,
do rodopiar daquela morena,
que na roda girou sua renda,
pra ver meu queixo desabar.

Te dou meu samba, Morena,
com uma volta nessa gira,
me leva contigo pra sempre,
e nessa paixão me atira.

Eu toco samba pra alegrar,
o mundo que se envenena,
e pras lágrimas da morena
em seu rosto não rolar.

Te dou meu samba, Morena,
com uma volta nessa gira,
leva contigo meu coração,
maior amor que já vira.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pra Preta Gostar de Mim

Eu quis fazer um samba
pra Preta gostar de mim,
Mas não tenho viola ou bandolim,
nem pandeiro ou cavaquim.
Embora não me faltem
trova, verso ou poesia,
não existe nesse mundo,
samba sem melodia.

Vou pro bar pedir se o Chico,
num prosear em beberico,
atende o meu suplico,
criando um ritmo indiscreto,
com açucar e com afeto,
pra Preta gostar de mim.

Chego à mesa de fininho,
passo a letra pro Toquinho,
pro samba ter um tiquinho,
do colorido de uma aquarela,
sem choro e sem mazela,
pra Preta gostar de mim.

Peço bênção ao poetinha,
e sem cerimonia ou picuinha,
nem hora ou ladainha,
faço com Vinicius de Moraes
uma canção de amor demais
pra Preta gostar de mim.

Chega mais, amigo

Chega mais, amigo
Sente-se logo à mesa
Afine teu violão
E cante comigo a canção
Que fiz para vencer a tristeza

Pois bem, é verdade que a preta se foi
Porém, adie esse papo pra depois
A vida anda apressada
Já é madrugada, não existe solidão a dois

Me chame o Chico, o garçom
Que eu já afrouxei a gravata
Cachaça, petisco do bom
Me mate de rir com as mesmas piadas

Amigo, eu não vou me entregar
Não me olhe com pesar
Não piore o que é ruim
Eu não quero que tenhas pena
E não diga pros amigos
Que me viu tão triste assim

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Adeus à Preta

Minha preta, que sorte
Encontrei o tom pro velho poema
que deixei à beira da morte
enquanto cuidaste de mim

Acontece que ele
Jurou-me de morte
pois não sei fazer samba
com você longe assim

Veja só, minha preta
Você tinha razão
Teu poeta é tristonho
E não vai fingir que não

Se meus versos a levam embora
É porque passastes da hora
D’eu ver quanto a vida é bela
E afinar meu violão

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Papo de Bamba

Veja bem, meu caro amigo e escute o que te digo.
Já é bem noite e está frio, e com preço desse quarto tu me matas de enfarto.
Não penses que sou vadio, só não é pro meu cacife. Eu não como esse rosbife.
E a morena lá na porta é só quem me importa. Mais do que imagina.
Pois eu venho da garoa bem visado nessa boa.
Portanto, gente fina, esse caso eu lhe conto esperando um desconto.

Fui num baile em Viena e avistei uma morena bem no meio do salão.
Não olhava para os lados, onde rapazes refinados lhe estendiam a mão.
Fui esguiando de viés, bem na ponta dos pés, cheio de prosa e papo.
Perguntei na malandragem, se ela era uma miragem. E tomei um catiripapo.
Num sorriso ela retruca: - Miragem não machuca! - me deixando ali no chão.
Com o rosto dolorido me levanto decidido e lhe pego pela mão.
Mostrei todo meu samba, com minha ginga de bamba e a morena fisguei.
E num passe bem dado, com puladinho e cruzado, um beijo lhe dei.

Agora é contigo, amizade!
Sei que tens piedade e vais me ajudar.
Por sua gentileza, e pela minha proeza, pode o preço abaixar.
Entenda o meu lado. Deixe o preço pendurado que volto um dia pra pagar.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Logo Eu

Logo eu, meu bem,
que não valho um vintém
e tu me dás amor.
Logo eu, morena,
que de ti não tenho pena
e só lhe causo dor.

Me farto da madrugada,
e me esperas acordada,
haja o que houver.
Esquentas meu jantar,
sem ao menos se queixar,
uma noite sequer.

Perco todo meu dinheiro,
num golpe de bicheiro,
e tu rezas por melhora.
Depois sem desculpa,
jogo em ti toda culpa
e lhe mando embora.

A maloca fica fria,
sem cuidado e companhia,
sem café e sem jantar
E de noite tão sozinho,
sem amor e sem carinho,
só de ti irei lembrar.

Mas você já cansada,
de tanto ser maltratada,
jurou me esquecer.
Cedo me ponho a andar,
e pra ti quero voltar,
doe o que doer.

E agora não lhe importa,
se eu bato tua porta,
ao buscar o teu perdão.
Se pergunto se acreditas,
que eu já mudei de vida,
você vai dizer não.

Então eu caio de joelho,
com tamanho destrambelho,
sem mudar o meu olhar.
Te prometo ser fiel,
do bolso tiro um anel,
e me ponho a chorar.

Ao jurar amor eterno,
choras em meu terno,
e seguras minha mão.
Te abraço então eu digo,
por teu amor não há perigo
pois já tens meu coração.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Parte de Alma

Minha parte de alma,
que faz meu peito sentir só,
de perder minha calma,
e na garganta dar um nó.

Se de noite me deito,
com a alma na metade,
torna o todo imperfeito,
e pereço por saudade.

Mas se tu me completas,
toda solidão se faz pó.
Pois o meu peito tu libertas,
da tristeza de viver só.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Desejo

Não imaginas o quanto és linda.
Se avisto-lhe caminhar até mim,
me detalho o teu corpo em tua vinda,
e ao redor levas o tempo ao fim.

Espio-te por tuas curvas perigosas,
me delicio da mais bela paisagem.
Tu és a maior das mais formosas,
a melhor arte teria a tua imagem.

Apertas ousada meu torpe desejo,
se mordes teus lábios inelutáveis.
O ardor fogoso do meu almejo,
revive as vontades inevitáveis.

Perco-me nas palavras sem peleja,
neste verde mar do teu olhar.
Dou-lhe todo o mundo de bandeja,
pra que nele eu possa mergulhar.

O tempo volta e se elevas em mim,
e me envolves em teu seio efusivo.
Por possuir-me com tua beleza assim,
que compreendo o calor de estar vivo.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Coração mandrião

Arde-me a pele timbrada pelo sal de seu choro
Corro às avessas do gozo, do pleno, do gosto eterno do etéreo
Pois sou bruto, obtuso
E calo-te o curso das veias ornadas em meu apreço
Para calar-me, sincero, em cantigas de letargo que nem bem conheço

A chama eu enclausuro no peito
E finjo não saber a respeito
Quando insiste em ter-me como um mandrião
Chega de amores em procela
O coração agora eu trago na mão

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

De Samba em Samba

Vivia pelos cantos da Lapa,
a respirar cachaça e caçapa,
num mundo boêmio e vazio.
Era da lua e da madrugada,
sem paixão e sem amada,
num samba de bamba bem vadio.

De samba em samba,
era só eu,
num samba meu,
a sambar com dó,
tão triste e só,
com minha dor,
sem o teu amor.

Meu barraco não faltava mulheres
seja de bem ou mal me queres,
mas era um lugar vazio.
O amanhecer era o despetalar da flor,
era no meu peito uma só dor,
num leito escuro e frio.

De samba em samba,
era só eu,
num samba meu,
sambando assim,
a faltar em mim,
na noite desvalida,
o amor de uma vida.

Mas agora eu te encontrei,
és a vida que tanto sonhei,
iluminaste o meu mundo.
Larguei a orgia e a boemia,
encheste de amor e alegria,
meu coração tão vagabundo.

De samba em samba,
éramos só nós
não mais a sós,
sambando a dois,
a deixar pra depois,
muito amor e carinho,
no calor do nosso ninho.

Me deito com seus abraços,
e adormeço em seus braços,
sonho viver num paraíso.
Cedo acordo ao seu lado,
dizes "Bom dia, meu amado!"
já não vivo sem sorriso.

De samba em samba,
éramos só nós,
não mais a sós,
sambo bem assim,
com você perto de mim,
e a boemia não tem porquê
se agora já tenho você.