"Chega mais, amigo! Sente-se logo à mesa, afina teu violão e cante comigo a canção que fiz pra vencer a tristeza."

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Despertar

Enforcado nos fios de cabelo daquela que dorme ao meu lado,
Tenho o bocejar sufocado pelo desejo sôfrego de sustar o tempo.
Com os olhos laqueados pelo sol que invade o quarto,
Vejo ao léu retratos da noite já descortinada.
Peças de roupas jogadas, os móveis desordenados, a fragrância do prazer despejada pelo cômodo.

Um leve incômodo, a modorra do braço prensado sob um corpo sem nome.
O alimento fugaz da intrépida dama,
Insana.
A fome por estima do homem falto,
Escaldo.
Compulsivo por prazer,
Apaixonado pelo acaso,
Na insanidade de quem ama estar só.

Ironia

Que ironia
Logo você, que temia
Perder o mundo,
Que criei pra te cuidar
Agora surge esnobando rebeldia
Ô, minha menina
Não te dói me magoar?
Já imaginaste como será a vida
Sem minhas pegadas
Para te orientar?
E tuas lágrimas nas tristes despedidas
A minha benção ao sair pra trabalhar
Nas madrugadas, quando o frio insistia
As suas pernas logo vinham me buscar
Caía a chuva e você toda se encolhia
Só o meu peito servia pra te acalmar
Não bata a porta
Ainda não terminei
E suas coisas, quando você irá levar?
O teu perfume, teu sorriso, tuas trouxas
Se queres ir é pra nunca mais voltar
Impunemente, dê curso à sua vida
Não serei eu quem irá te aconselhar
Já não faz mais sentido
Fazer juízo
Se não sei o que pensar

Coisas que amo na lua

Apesar da indiferença, é quem me faz companhia. Cheia de luz. Todo dia. Faça chuva ou faça lua. De casa ou da rua.
E de nada adianta puxar prosa da varanda. Ela nunca se mistura. Nunca se move. Nem se comove.
Ao menos sorria, lua.
Às vezes tão perto, quase sempre tão distante. O peito com fome. E ela crua. Sempre nua. Sempre lua.
Até que o sono me cala. Coisa rara. É hora de partir. Boa noite, lua. Te espero amanhã. E depois, depois e depois.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ditado

De mal com o risco
Triste princípio
Da solidão
Peito morto
Jaz no conforto
Faz branco insosso
Bradar por não

A pena inerte
Poeta posto
Adverte: seus valores!
Quem os merece?
Quem te suporta?
É tudo um teste

Tal num ditado
Para moleque
E sua verdade
Não reconhece?
Será castigo
Ou só um teste?