"Chega mais, amigo! Sente-se logo à mesa, afina teu violão e cante comigo a canção que fiz pra vencer a tristeza."

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Papo de Bamba

Veja bem, meu caro amigo e escute o que te digo.
Já é bem noite e está frio, e com preço desse quarto tu me matas de enfarto.
Não penses que sou vadio, só não é pro meu cacife. Eu não como esse rosbife.
E a morena lá na porta é só quem me importa. Mais do que imagina.
Pois eu venho da garoa bem visado nessa boa.
Portanto, gente fina, esse caso eu lhe conto esperando um desconto.

Fui num baile em Viena e avistei uma morena bem no meio do salão.
Não olhava para os lados, onde rapazes refinados lhe estendiam a mão.
Fui esguiando de viés, bem na ponta dos pés, cheio de prosa e papo.
Perguntei na malandragem, se ela era uma miragem. E tomei um catiripapo.
Num sorriso ela retruca: - Miragem não machuca! - me deixando ali no chão.
Com o rosto dolorido me levanto decidido e lhe pego pela mão.
Mostrei todo meu samba, com minha ginga de bamba e a morena fisguei.
E num passe bem dado, com puladinho e cruzado, um beijo lhe dei.

Agora é contigo, amizade!
Sei que tens piedade e vais me ajudar.
Por sua gentileza, e pela minha proeza, pode o preço abaixar.
Entenda o meu lado. Deixe o preço pendurado que volto um dia pra pagar.

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